Folha de São Paulo: na Istambul além da novela
 
Folha de São Paulo: na Istambul além da novela

CCBT colaborou na publicação de um dos cadernos mais amplos sobre a Turquia no Jornal Folha de São Paulo. O título "Istambul além da novela" foi dados devido às características da cidade não mostradas na novela "Salve Jorge

Veja a matéria publicada na Folha, com apoio do Diretor do CCBT em São Paulo, Prof. Kamil Ergin:

Istambul além da novela

Conheça as atrações da cidade da Turquia que a trama "Salve Jorge", em parte ambientada lá, pouco explora

MARINA DELLA VALLE COM COLABORAÇÃO DO CHICO FELITTI

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM ISTAMBUL 

Istambul, a maior cidade da Turquia, acaba de ser eleita o melhor destino da Europa em uma votação on-line, promovida pela organização sem fins lucrativos European Consumers Choice.

Mas a cidade não está em alta apenas entre os turistas do velho continente.

Entre 2010 e 2012, o número de brasileiros que foram a Istambul aumentou 36% passou de 65,2 mil para 88,9 mil em dois anos.

A partir de julho, em resposta ao interesse crescente dos brasileiros, a Turkish Airlines passa a voar diariamente de São Paulo para Istambul atualmente, são quatro voos por semana.

Embora não existam dados mais recentes, é razoável supor que a novela global "Salve Jorge", parcialmente filmada na cidade turca, tenha atiçado ainda mais a curiosidade dos brasileiros.

Quem acha, porém, que Istambul se resume ao que se vê no folhetim está enganado, bem enganado.

Na trama de Gloria Perez, cujo Ibope subiu nas últimas semanas, aparecem pontos turísticos imperdíveis, como a mesquita Azul e a basílica de Santa Sofia.

Por outro lado, locais como a mesquita Nova e o bazar de Especiarias mal são explorados pela novela.

Assim como a torre de Gálata, que costuma ser vista apenas em breves imagens panorâmicas. É, no entanto, um ponto obrigatório, onde o turista tem a melhor vista de Istambul.

A torre fica diante do Sultanameht, o bairro histórico, e dali é possível avistar cúpulas de palácios e templos a mesquita Nova fica em primeiro plano. Do outro lado da ponte Gálata, a mesquita de Süleymaniye se impõe na paisagem.

Do alto, dá para ver a junção do Chifre de Ouro (braço de mar que divide a parte europeia da cidade) com o estreito de Bósforo (que separa as porções asiática e europeia) e o mar de Mármara.

Após visitar a torre, desça e faça um passeio pela região de Gálata. Ao longo do Chifre de Ouro, do lado direito da ponte, há quiosques de guloseimas e restaurantes que servem sanduíche de peixe, uma iguaria local.

Definitivamente, Istambul vai muito além da novela.


Bazar de Especiarias é paraíso da gula

Menos conhecido que o Grand Bazaar, que aparece na novela, centro de compras é espaço para a pechincha

Nas barracas, é possível comprar o grão-de-bico torrado, iguaria local, e o chá de maçã, o mais popular do país

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM ISTAMBUL

Menor que o Grand Bazaar, cenário da novela "Salve Jorge", o bazar de Especiarias (também conhecido como Egípcio) oferece uma experiência mais pitoresca que o primeiro, que costuma ser mais visitado por turistas.

O forte, como o nome diz, são as especiarias, como chás e temperos, além de pistaches e avelãs turcos, doces, frutas secas e muitas outras iguarias a granel.

A estrutura em formato de "L" é o segundo maior mercado coberto da cidade, atrás apenas do Grand Bazaar, que tem desenho mais labiríntico.

O ambiente é uma enorme mistura de aromas e barulho. Muitas lojas exibem pilhas coloridas de curry, açafrão, pimentas secas e uma variada gama de temperos um dos mais famosos (e caros) é o açafrão iraniano. De aroma bem mais forte, é pendurado com destaque nas tendas.

Os outros temperos variam bastante de preço, mas é possível encontrar vários produtos entre R$ 20 e R$ 40 por cem gramas.

Também badalados são os chás, que vão de maçã (o mais popular) a botões secos de rosas e "sahlep", que são raízes de um tipo de orquídea.

As lojas de castanhas e frutas secas também são populares aproveite para checar o motivo da fama dos pistaches e conferir uma iguaria muito consumida pelos locais, o grão de bico torrado.

Em nenhum lugar é tão difícil de controlar a gula quanto nos estandes de doces. É uma boa oportunidade para provar diversos tipos de "turkish delight", conhecido no Brasil como manjar turco ou goma árabe.

São cubos de goma envolvidos em açúcar que podem conter nozes, pistaches, avelãs, entre outros sabores.

LEMBREI DE VOCÊ

A compra a granel é irresistível, mas há versões embaladas e que combinam diferentes temperos, chás e doces e que rendem bons presentes para os amigos versados em gastronomia.

Se não quiser levar algo de comer, há lojas de suvenires e produtos típicos, como os pratos de porcelana que reproduzem os desenhos geométricos dos azulejos decorados dos palácios e mesquitas do período otomano.

Pechinche, especialmente se pretende comprar mais de um produto na mesma loja. Os vendedores podem ser um pouco salientes, mas o assédio é bem menor que no Grand Bazaar e, em geral, a abordagem é simpática e, por vezes, inclui cumprimentos em português.

É bom reservar umas boas horas para uma visita ao bazar, pois a graça é se perder entre as lojinhas, sendo levado por cores e guiado pelos aromas. (MARINA DELLA VALLE)


Mesquita Nova foi concluída há mais de quatro séculos

Menos visitada que a Azul, já sofreu incêndio e foi inaugurada em 1665

Mulheres não podem entrar com os cabelos à mostra; sapatos devem ser embalados para preservar o local

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM ISTAMBUL

A mesquita Nova (Yeni Camii), que fica às margens do Chifre de Ouro, ao lado da ponte Gálata, é menos opulenta que as outras mesquitas imperiais, como a famosa Azul, outro cenário da novela exibida pela TV Globo.

Vale a pena visitá-la de qualquer maneira. Menos visado pelo turistas, o templo costuma ser mais tranquilo.

Por sua localização, a mesquita Nova aparece em muitas imagens da cidade turca, especialmente nas fotografias feitas a partir dos barcos que cruzam o canal.

Com 36 metros de altura, o domo principal do templo é flanqueado por semidomos, que dão um efeito cascata em forma piramidal.

Além de dois minaretes, a mesquita tem um pátio, com uma bela fonte no centro.

As cerimônias de purificação são realizadas em torneiras na fachada do templo voltada para o outro lado do Chifre de Ouro.

O interior da mesquita é decorado com azulejos em intrincados desenhos em tons de azul, verde e branco.

Apesar do nome, a construção da mesquita teve início em 1597, antes da mesquita Azul, que começou a ser construída em 1609.

Após diversos percalços, incluindo os custos da construção, o edifício foi bastante danificado por um incêndio no ano de 1660. Foi reconstruído e, finalmente, inaugurado em 1665, dois anos após ficar pronto.

A localização da mesquita permite que a visita seja combinada com outros programas próximos, como o bazar Egípcio, ao lado. Também é possível comprar um passeio de barco pelo estreito de Bósforo é só atravessar a rua.

RESTRIÇÕES

Como em todas as mesquitas de Istambul, as mulheres devem cobrir os cabelos é bom carregar um lenço ou xale na bolsa durante a viagem.

Para preservar os tapetes no chão do templo, é necessário tirar os sapatos e embalá-los em sacos plásticos disponíveis na entrada.

Não é possível visitar o interior durante as horas de oração. (MARINA DELLA VALLE)


Novela é versão exagerada da Istambul real

TONY GOESCOLUNISTA DO "F5", EM ISTAMBUL

Quer conhecer a casa de Mustafa (Antonio Calloni) em Istambul? A fachada é nada menos que o palácio de Küçüksu, uma das últimas residências imperiais construídas pelos sultões otomanos.

Fica na margem asiática do Bósforo e é aberto à visitação. Já o interior está no Projac, no Rio, mas a decoração foi inspirada no ainda mais esplêndido palácio Dolmabahçe.

Assim é a Istambul de "Salve Jorge": uma versão exagerada da realidade, como quase todas as cidades retratadas pela ficção.

A novela, que começou mal das pernas e agora está subindo na audiência, atrai cada vez mais turistas brasileiros que querem ver de perto seus cenários, como a boate das mulheres traficadas que não existe. Pelas cenas em que Morena (Nanda Costa) aparece fugindo pelas ruas, o lugar ficaria no bairro boêmio de Tarlabasi.

Outros personagens trabalham no Grand Bazaar, parada obrigatória. Já a rua onde eles costumam se cruzar é inspirada na Istiklal, a mais movimentada artéria comercial da cidade, mas também se situa nos estúdios globais.

Ela não corresponde exatamente a nenhum lugar real, mas a precisão dos detalhes impressiona. A diretora de arte Fernanda Bedran esteve na Turquia em 2012 e coletou centenas de objetos, de garrafas de água a sacolas de supermercado, para depois reproduzi-los no Brasil com perfeição absoluta.

E ainda há a basílica de Santa Sofia, onde o casal de protagonistas levou um pito de uma das curadoras por causa de uma ardente cena de beijo. É praticamente impossível para um brasileiro contemplar o belíssimo mosaico do Cristo Pantocrator, que aparece na abertura da novela, sem cantar mentalmente: "Salve Jorge"!


Cruze o continente e conheça o bairro Moda, verde e plano

Na travessia para o lado asiático, o turista pode ter a sorte de ver golfinhos nadando no estreito de Bósforo

Em Moda, fica o estádio do clube Fenerbahçe, com estátua em tamanho real do brasileiro Alex de Souza

CHICO FELITTIDE SÃO PAULO

O trocadilho é fácil: está na Moda. O bairro do lado asiático da cidade que leva esse nome ganha cada vez mais atenção dos locais.

Diferentemente da maior parte de Istambul, Moda é plana, cheia de verde e com uma tranquilidade difícil de achar na cidade de 14 milhões de habitantes.

Nesse destino, o fim é justificado pelo meio de chegada. A travessia entre continentes é feita nos barcos da municipalidade e vale pela vista. Tirando que viajar da Europa para a Ásia por R$ 1,50 é menos um custo do que um benefício.

O trajeto marítimo, de 20 minutos, dá a chance de notar a cidade de longe e, com sorte, topar com golfinhos que cruzam o Bósforo. Mas quando a Ásia estiver chegando, vale fixar o olhar à costa.

Está lá a imponente estação de Haydarpasa, que pegou fogo em 2010, mas já foi reparada e agora passa por reformas para agregar novas linhas férreas.

Além da estação, outro colosso de Moda é o estádio do Fenerbahçe. A construção não é nenhum Maracanã. Sua maior atração está no jardim: uma estátua em tamanho real de Alex de Souza, ex-capitão do Fener, atual Coritiba.

Em frente à homenagem ao brasileiro mais famoso da Turquia, é possível aproveitar o silêncio. Para depois retornar pelo caminho intercontinental.


Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/turismo/104349-istambul-alem-da-novela.shtml